segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Personalidade - Chicas


Formado por Paula Leal, Amora Pêra, Fernanda Gonzaga e Isadora Medella, o quarteto Chicas surgiu nos anos 90 a partir de uma peça de teatro. Logo tornou-se uma promessa: quatro meninas afinadíssimas, com bagagem cascuda de MPB, showbiz no sangue e um tipo de som que ninguém mais faz. A MPB de Gonzaguinha, pai de Amora e Fernanda, talvez seja o gênero que mais se aproxima, até porque o próprio compositor de “O que é o que é?” tampouco se deixava restringir por rótulos ou modismos.
O show das Chicas reúne essa diversidade com a dinâmica das vozes e instrumentos de cada uma. Paula canta em uma região mais grave e domina todos os instrumentos conhecidos pelo homem desde o atabaque centro-africano. Isadora tem um alcance vocal invejável, ataca as notas com segurança e ainda dedilha um violão cheio de ritmo. E as irmãs Amora e Fernanda emprestam mais agudos e emoção às canções (a primeira ainda espanca uma zabumba como se não houvesse amanhã).
Depois de algumas idas e vindas, as Chicas estabeleceram-se alicerçadas principalmente no boca-a-boca, enchendo casas de shows no Rio, ganhando festivais, até que um disco tornou-se inevitável. “Que rádio tocaria a música de vocês?”, era a questão que sempre aparecia. Promessas voaram, compromissos foram quebrados e as Chicas, como sempre, resolveram tomar as rédeas da história, gastar o dinheiro que não tinham e eis o CD, no capricho.
Produzido pelo próprio quarteto, ao lado de Igor Eça, que gravou o baixo em algumas faixas, “Quem vai comprar nosso barulho?” traz as Chicas da medula até a raiz dos cabelos: “Felicidade”, uma ensolarada composição de Gonzaguinha, abre a coleção com as percussões pegando fogo, em contraste com a delicadeza do arranjo vocal. O compositor ainda é lembrado na deliciosa “Geraldinhos e arquibaldos” e em “Namorar”.
Mais presentes do que ele nas composições, só as próprias Chicas. As meninas assinam cinco das 14 músicas, isolada ou coletivamente. Em geral, mostram-se moças românticas, nas melodiosas “Oração”, de Amora e Paula, e “O que eu não sou”, de Isadora, por exemplo. De sucessos da MPB e do pop brasileiro recente, elas refazem, à sua maneira, “Me deixa”, do Rappa, a bela “Paciência”, de Lenine e Dudu Falcão, e “Volte para o seu lar”, de Arnaldo Antunes, totalmente diferente das versões já conhecidas.
Dentre muitas pérolas escondidas, especial atenção em “Espumas ao vento”, de Accioly Neto (gravada por Fagner, Elza Soares e outros), uma obra-prima de Paula, e o “Rap do Silva”, um funk absolutamente Chicas de autoria do MC Bob Rum, com direito a cordas e a todas as necessárias frescuras das meninas. Para fechar, “Alô, liberdade!”, da trilha dos “Saltimbancos”, uma fanfarra esfuziante, que, como todo o disco, resume perfeitamente as quatro. Chicas e música, uma relação tão delicada.
(Fonte http://www.circusproducoes.com.br/release003.html)

Chicas - Rap do Silva


Chicas - Espumas ao vento

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